quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Animais


Tratamento dado pela BM aos trabalhadores bancários esta manhã na Pça da Alfândega (POA).
Há quem diga que o diabo estava presente. Isso eu não sei, mas o Cel Mendes o representou muito bem: fez questão de estar lá em carne, osso e covardia.
Bancários e bancárias foram ferid@s.

Fotos de Caco Argemi









sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Dessa vez foi demais


do RS Urgente:


"Ando para frente e não olho para trás"



Já se tornou uma máxima do discurso político pasteurizado e embalado por marqueteiros dizer que o negócio é seguir em frente e não olhar para trás. O pressuposto é que essa idéia seja do agrado do senso comum e da média dos eleitores, que teriam uma alergia crônica em relação ao passado e à memória. A candidata à prefeitura de Porto Alegre, Manuela D’Ávila (PCdoB), repete essa ladainha em entrevista hoje ao jornal Zero Hora. Indagada sobre a presença de aliados políticos do ex-governador Antônio Britto em sua chapa, a candidata afirmou: “Eu vivo em 2008, ando para frente e não olho para trás”. Foi mais longe e emendou: “Quando o PMDB governou o Estado (1995-1998) eu ainda não votava”.

É constrangedor ver esses "argumentos” serem proferidos por representantes de partidos de esquerda. O desprezo pelo passado e pela memória, diga-se a bem da verdade, é uma praga que viceja hoje em vários partidos (inclusive o PT). Em nome do pragmatismo eleitoral mais rastaquera, repete-se essa tolice como se fosse uma pérola de sabedoria. O que, afinal de contas, significa dizer, com orgulho: “eu não olho para trás”? Pior ainda, o que significa para alguém de esquerda dizer isso? Entre outras coisas, significa desprezo pela memória, pelo passado e pela história. Apresentar a idéia de “seguir na vida sem olhar para trás” como uma espécie de filosofia de vida e de regra de conduta política é algo muito menos inocente do pode parecer. Quem vive só olhando para frente e não olhando para trás não tem compromisso com a experiência e com a história, apenas com o próprio umbigo.

O PC do B pode justificar a aliança com o PPS em Porto Alegre com argumentos menos constrangedores. Basta dizer (como vem fazendo em alguns momentos) que o PT faz alianças com o mesmo partido em outros lugares. Não precisa jogar a memória na lata do lixo. Na verdade, é um argumento igualmente frágil, pois está baseado na idéia de que um erro justifica outro, mas, ao menos, revela alguma consideração pela história. O PT já cometeu muitos erros em sua história. Um deles foi namorar com a máxima que prega: “para derrotar o inimigo é preciso usar suas próprias armas”. O problema da aplicação desta máxima é que, quando se usa as mesmas táticas e práticas do inimigo, corre-se o sério risco de ficar parecido com o adversário. Essa história é bem conhecida. Seus resultados também.

Com todo o respeito que merece, Manuela D´Ávila poderia aplicar ao seu próprio discurso sua proposta de “Diálogo de Gerações”, que prega o respeito e a valorização da experiência e do passado como uma condição necessária para olhar o presente e o futuro.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A “cantilena enfadonha” de certa “oposição de esquerda”



A “cantilena enfadonha” de certa “oposição de esquerda”

A pequena representação pública do que se pretende firmar como uma oposição de esquerda ao governo Lula (e às maiorias parlamentares) tem nas acusações de corrupção sua marca mais visível. Não resta dúvida de que, por exemplo, a representação formal contra o presidente do Senado no Conselho de Ética cumpriu um papel positivo de permitir melhores condições para a continuidade das investigações. O “abafa” que chegara a se desenhar se tornou menos sustentável. O problema não está em discutir se se deve ou não representar contra um presidente do Congresso nestas circunstâncias. O problema está em saber qual é o centro da atividade pública “mudancista” no Brasil de hoje; em saber o que é importante ser feito para disputar as consciências e o movimento real das/os trabalhadoras/es e oprimidas/os.

Desde o início de 2007, é possível suspeitar que alguns debates absolutamente decisivos tenham sido colocados em pauta pela ação governativa. Um deles acerca do veto à chamada “emenda 3”, ação pela qual se manteve a possibilidade de atuação fiscalizadora do Estado sobre as fraudes precarizantes das relações trabalhistas que tanto avançaram nas últimas décadas. O veto sofreu oposição não apenas da representação política de direita, como de setores significativos da burguesia. E por uma boa razão: diz respeito a um elemento-quadro (normativo) das relações de classe. Evidentemente, não “resolveu” a marcha da precarização, mas foi importante.

Um segundo debate diz respeito à criação das fundações. Em uma medida importante, parece a proposta ressuscitar a proposta de reforma administrativa de Bresser e implica num avanço potencial de privatização do Estado. Do mesmo modo, esteve em pauta um debate de fundo, com fortes cores ideológicas, sobre tributação. Mais recentemente, foi colocado em pauta (sobretudo por setores sindicais classificáveis como “governistas”) a extraordinariamente importante questão da redução da jornada de trabalho sem redução de salário, bandeira “ofensiva” e geral que há muito não tinha espaço na vida social brasileira. Do outro lado, os setores mais reacionários e vinculados ao “velho” latifúndio se insurgem contra os poderes constituídos e fazem pouco das leis se estas não são feitas ou executadas à sua imagem e semelhança.

São alguns exemplos que dizem respeito às próprias bases do terreno no qual se dá a atuação da política de esquerda: quadro jurídico das relações de classe e relação entre Estado e setor privado, respectivamente. Não terão sido estas as questões centrais para o debate e a intervenção de esquerda neste período? Não merecem esses temas ser devidamente compreendidos e qualificadamente enfrentados? As posições da direita não teriam que ter sido enfrentadas por toda a esquerda (governista, independente ou oposicionista)? É razoável, no quadro tão específico como o que temos, sobrepor absolutamente, como faz de fato o PSOL, o antagonismo governo/oposição aos antagonismos conservadorismo/mudanças progressivas, direita/esquerda, latifúndio assassino/Estado de Direito? Só é razoável se a construção de uma marca eleitoral visível for mais importante que a luta pela vida, pela dignidade dos ninguéns e pela manutenção do caminho fechado à barbárie e aberto às transformações. A “overdose” de História precisa ser evitada, mas não custa lembrar que houve um dia em que os socialistas consideraram que seu pior inimigo era a social-democracia (e não o fascismo) e houve um dia seguinte em que os debates nem puderam prosseguir. Os socialistas de hoje não têm o mesmo peso, mas deveriam ter tirado mais lições.

No entanto, apesar de tudo isso, a “questão moral” assume todo ou quase todo o espaço dos discursos da oposição de esquerda. No último ano, o “Fora Renan” foi adotado como prioridade absoluta de um setor da esquerda, como se não fosse certo que ele seria substituído por alguém de qualidade política similar. Há já alguns anos em permanente campanha presidencial, talvez pensando que possa reproduzir a trajetória de seu antigo líder, a presidente do PSOL repisa, em tonalidade aguda e à exaustão, palavras acusatórias de corrupção ao governo e sua base. E depois? E mais? E que contribuições para a construção de caminhos de mudança? A “cantilena enfadonha” do discurso acusatório estará alimentando que tipo de compreensão nas “massas”? E que tipo de movimento real precisamos fazer?


Elídio Marques é professor e integrante do grupo que impulsiona o sítio barlavento
Para ler a íntegra do texto, acesse.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Viúva de Paulo Freire escreve carta de repúdio à Veja



Já leram? Segue abaixo.
À propósito, dentre tantas verdades, a Sra Nita diz uma que é essencial: Paulo Freire Vive!


"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE -- e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.

Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.

A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.

Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do "filósofo" e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.

Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.

Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu "Norte" e "Bíblia", esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.

Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!

São Paulo, 11 de setembro de 2008
Ana Maria Araújo Freire".

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Pochmann em POA


Boa opção para hoje à noite. É organizado pelos bancários e aberto ao público em geral. Ó:


Marcio Pochmann participa de debate sobre desafios do desenvolvimento nesta terça


A Federação dos Bancários RS promove nesta terça-feira, dia 9, um painel seguido de debate sobre Desafios do Desenvolvimento no Brasil. A atividade, dirigida a bancários, sindicalistas e público em geral, contará com a participação do economista, professor e presidente do Ipea, Marcio Pochmann. As inscrições para o evento serão feitas gratuitamente no Hotel Embaixador, onde ocorre o evento a partir das 19 horas.

terça-feira, 26 de agosto de 2008


essa é lá do grafar

Sobre a história, a impunidade e a responsabilidade dos torturadores, por Flávio Koutzii


Há divergências jurídicas.
Há avaliação sobre as motivações e cálculos políticos.
Há os que apenas julgam da conveniência de tocar no assunto.
Há sempre o jogral dos analistas de oportunidade.
(Nunca é hora para eles)

Mas para os que não esqueceram:
Há um grito suspenso no ar.
Há uma dor infinita.
Há um tabu indecente.
Há um seqüestro invisível.
(A honra das Forças Armadas de hoje, reduzida a escudo silencioso,
da responsabilidade não assumida das Forças Armadas de ontem no golpe)

É claro que os torturadores têm que ser responsabilizados.
É certo que a anistia não é igual à amnésia.
É evidente que a história não aceita ficar sem sentido,
nem com censura, nem com cortes, como um filme proibido.
É certo que não há a mais remota possibilidade de igualar
quem lutou contra a ditadura
com quem prendeu, torturou e matou pela ditadura.
É certo que esta história tem começo, meio e fim:
e o começo é o golpe de estado,
a derrubada de um governo legal,
a censura aos jornais,
o fechamento dos partidos,
a suspensão do estado de direito,
a perseguição implacável.


As Forças Armadas é quem deram o golpe (junto com seus aliados civis).

Aqui, a ordem dos fatores altera o produto e o significado.
Eles, a ditadura, nós, a resistência.
Então quem fica ofendido somos nós!
Nós - "os elementos" - cidadãos na nossa opinião,
democratas, porque lutamos para restaurá-la.

Espantados, com a covardia
dos que não assumem suas responsabilidades

Deram ou não o golpe?
Perseguiram ou não?
Torturaram ou não?

Então, por favor!!!

É inaceitável que as Forças Armadas de hoje fiquem reféns
de um passado ditatorial indefensável.

Na verdade, no Brasil, além dos "desaparecidos", há uma grande desaparecida:

A VERDADE HISTÓRICA

História, entendida como reconhecimento dos fatos,
a totalidade das circunstâncias.
A História em tempo real
A História com muita luz
e pouca sombra
A História para e do povo brasileiro
de todos os brasileiros: civis e militares
Tudo, não para o maniqueísmo simplório,
mas para respeitar a dignidade e a tragédia
de um grande período da história recente do Brasil
dos vinte longos anos de chumbo.

Lamentavelmente as Forças Armadas propõem
a esquizofrenia como situação permanente.
Não assumem sua responsabilidade.
Desrespeitam o Poder Executivo (legitimado pelo voto).
Atuam como contra-poder.
Logo defendem o que foram.
Logo são hoje o que foram ontem.
Mas isto, não é bem assim.
Isto é uma memória doente.
Verdade amputada.
Simulação inaceitável.
Queremos que os jovens soldados e os jovens oficiais
sejam livrados destes grilhões enferrujados.
E se devolvam para este Brasil.
Impressionante de presente
Futuroso
E haverá que defendê-lo de muitas maneiras:
suas possibilidades,
seu petróleo,
sua Amazônia,
suas fronteiras,
sua economia
e acima de tudo:
sua gente brasileira,
seu futuro,
seu orgulho,
sua história.


Flavio Koutzii
Porto Alegre, 14 de agosto de 2008

quinta-feira, 10 de julho de 2008

por mais "Casséis" no governo


Mais do que os números, me chamou a atenção o posicionamento assumido pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, em seu pronunciamento de ontem no rádio e na TV.

Cassel defendeu a agricultura familiar, afirmando que ela, junto com os assentamentos, produzem "70% dos produtos que fazem parte da mesa do brasileiro, como o feijão, mandioca, cebola, aves, suínos, leites, frutas e verduras."

Só depois da defesa conceitual e (por que não?) ideológica (bem sustentada por dados concretos) da agricultura familiar e da reforma agrária, é que Cassel deu publicidade ao Programa Safra.

Esse tipo de colocação, nos dias de hoje, tem que ser saudada, porque vivemos em tempo em que ainda não nos livramos do pensamento único: temas como democratização da comunicação, transgênicos e mesmo agricultura familiar x agroindústria parecem proibidos de se tocar em um governo que traz importantes avanços mas que, via de regra, "não coloca o dedo na ferida" (ou nas feridas).

Cassel, mesmo fazendo parte do governo, e mesmo sendo ministro do desenvovimento agrário (e, por isso, sofrer pressão cotidiana do MST e outros movimentos sociais do campo), já havia tido importante posicionamento público, recentemente, contra a tentativa de criminalização do MST por parte do MP gaúcho.

É lamentável que não tenhamos esse tipo de postura por parte do ministro das comunicações (o sr Hélio Costa, infelizmente), que não defendeu o sistema brasileiro de TV digital (que seria importante avanço na luta pela democratização da comunicação) e que ataca as rádios comunitárias; do ministro da agricultura, cujo foco é o agronegócio; de deputados (inclusive) da base aliada que, além de não apoiarem a ratificação da convenção 158 da OIT (que só traria benefícios para os trabalhadores desse país), votaram contra (20 contra 1: a honrosa exceção ficou por conta do deputado Nilson Mourão (PT-AC)). Ver, sobre a convenção 158, nota técnica do DIEESE.

Posturas diferentes nos casos acima já seriam um bom começo. Assim, poderia haver clima para que a sociedade levasse a sério quem afirma que não podemos aceitar a política do fato consumado e achar normal que o superávit primário, nos cinco primeiros meses de 2008, seja 43% superior ao mesmo período passado, representando R$ 5,487 bilhões ou 4,69% do PIB.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Movimento MP democrático repudia ataque ao MST

"O Movimento do Ministério Público Democrático, entidade não-governamental sem fins econômicos, de caráter não corporativo, que congrega membros do Ministério Público de todo o Brasil, vem tornar público o seu repúdio a toda e qualquer ação judicial que vise à criminalização dos movimentos sociais nacionais.

Tivemos ciência da propositura de quatro ações civis públicas movidas pelo Ministério Público do estado do Rio Grande do Sul, que pedem a contenção dos trabalhadores sem-terra, buscando impedir suas marchas, reuniões e deslocamentos em defesa da função social da propriedade.

Não obstante respeitemos a liberdade de convicção dos dignos membrosdo MP gaúcho, repudiamos qualquer medida que venha a tolher de forma genérica o direito fundamental à livre associação, reunião e locomoção de cidadãos por todo o território nacional, direitos esses assegurados pela Constituição da República.

Solidarizamo-nos com os trabalhadores sem-terra e sem-teto que lutam legitimamente - e sem uso de armas de fogo - pelo respeito à dignidade humana e pelo valor social do trabalho, o que garantirá o desenvolvimento nacional, erradicando a pobreza e a marginalização das pessoas, bem como reduzindo as desigualdades sociais e regionais.

Ressalva-se a persecução civil e penal de atos concretos que possam representar violação às leis penais e aos direitos difusos e coletivos.

Roberto Livianu, presidente do MPD"

Terra Magazine

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Duas novas indicações:

o Agente 65 acompanhamos já a algum tempo, mas por falha nossa ainda não estava nos links. É um caminho seguro para quem quer se inteirar das coisas da aldeia. Agora, se não gostas de blog com opinião forte, nem acessa.

Já o Zurdo conheci hoje. E graças à indicação do bom Agente (viva a rede de blogs alternativos!).

Lê aí embaixo um fragmento da auto-apresentação e vê se não dá sentir de cara que é um dos blogs que tem afinidade com quem vai na (e acessa a) couve:

"Zurdo em espanhol quer dizer canhoto, esquerdo. E este blog significa uma postura alternativa às oficiais(...) teremos uma postura radical diante dos fatos procurando estimular o pensamento crítico"

Lá tem uma entrevista bem legal (uma das postagens recentes) feita pelo povo da Catarse com Carlos Latuff sobre arte engajada.

Vale conferir.

Simon e o silêncio do Mampituba



Postagem do dia 28 de março do RS Urgente segue atualíssima:


"O senador Pedro Simon (PMDB) segue em absoluto silêncio sobre os escândalos envolvendo seus aliados políticos no Rio Grande do Sul, denunciados pela Polícia Federal pela prática de crime organizado e de formação de quadrilha, entre outras coisas. Nenhuma palavra, nenhuma frase. Quando atravessa o Mampituba, o silêncio do senador transforma-se em rápida eloqüência. Simon está sempre pronto a cobrar esclarecimentos em Brasília (...)


Já sobre o Detran e sobre as denúncias envolvendo a prefeitura de Canoas, apenas para citar dois exemplos, Simon faz de conta que não é com ele. O mesmo silêncio, aliás, é exercitado pelo senador Sérgio Zambiasi (PTB). Tudo se passa como se o que está acontecendo no Rio Grande do Sul não lhes dissesse respeito."

imagem vale por mil palavras




A frase acima nunca foi tão verdadeira.
Aos desavisados, ajuda a entender melhor o que se passa.

Em tempo: essa eu peguei do Diário Gauche (postado em 08/06). O encontro se deu em 07/06.

O que Busatto falou (de fato)



Opções


O que interessa, nesse momento? Julgar a legitimidade do ato do vice governador, ou apurar as irregularidades absurdas ditas pelo ex-secretário da fazendo do governo Britto e agora ex-chefe da Casa Civil do Govern Yeda??

Bem, ficamos com a segunda opção, pelo bem do Rio Grande.

Vitimização

O RS Urgente, como sempre, foi na couve: "Cézar Busatto está executando uma deprimente e histérica peça de vitimização", ao dizer que "suas palavras foram mal-interpretadas e que está sendo sacrificado por “ter dito a verdade” em sua conversa com o vice, Paulo Feijó (DEM)."


Conivência

Na verdade, Busatto tem é que AGRADECER, pois boa parte da mídia está aceitando de lambuja sua versão de que, quando disse que o governo Yeda se elegeu utilizando recursos do Banrisul e do Detran, estava se referindo a contribuições dos CCs.

É extremamente bondosa e CONIVENTE a interpretação de que o ex-secretário dos governos cruz e credo se referia aos CCs. O que Busatto de fato afirmou foi que o Banrisul é fonte de financiamento das campanhas do PMDB e o Detran e o Daer do PP. Isso será esquecido??




Por que a grande imprensa não noticia o que atinge a maioria da população?



Mais uma extraída do Núcleo Piratininga de Comunicação, blog indispensável para quem se interessa pelo tema Democratização da Comunicação. Entra lá e lê a íntegra da matéria
.


Origem elitista dos jornalistas é uma das raízes do problema


Para Beatriz, a pergunta “de onde vem o jornalista?” pode responder uma das origens da ausência de cobertura de políticas públicas na grande mídia. Grande parte dos que ingressam nos cursos de jornalismo são filhos de classe média ou alta, assim, “as grandes mazelas sociais não fazem parte do cotidiano desses futuros jornalistas”.

Outra origem da questão destacada pela jornalista é a formação do comunicador: mais técnica do que humanista e com foco no mercado. Essa formação também não possui, de acordo com ela, uma oferta de conhecimentos mínimos sobre o tema políticas públicas.

Em um segundo bloco de situações que podem causar essa ausência de cobertura, estão as condições de trabalho dos jornalistas. Segundo Beatriz, com as redações bastante enxutas, condições precárias de trabalho, a informação transformada em lucro e a falta de independência do jornalista na escolha da pauta, o resultado é um jornalismo que não aborda as questões que atingem a maioria da população.

Ainda uma terceira raiz do problema apontada por Beatriz é a concentração dos meios de comunicação. A jornalista lembra que apenas 9 famílias controlam 85% da informação no Brasil, apesar do artigo 220 da nossa Constituição proibir o monopólio.

falta fabricarem as pessoas que vão assistir aos programas!”, brinca, sobre o fato de uma mesma empresa deter todo o processo de produção e distribuição da informação.


Soluções


Nas redações, uma formação continuada dos jornalistas, a investigação de dados e informações públicas, a cobertura do processo das políticas públicas, podem, de acordo com a palestrante, serem passos na solução do problema. Além disso, a prática de ouvir os beneficiários dessas políticas e de estabelecer canais de comunicação entre a população e a imprensa, como ouvidorias e a própria figura do ombusdman, seriam iniciativas importantes.

Na universidade, a criação de disciplinas obrigatórias específicas sobre as políticas públicas e projetos de extensão, também atuariam nesse sentido.

Essas iniciativas, para Beatriz, devem ser somadas a outras com foco específico na sociedade em geral, como a criação de disciplinas nas escolas sobre leitura crítica da mídia e a própria formação do cidadão sobre o papel da Estado e da Sociedade. Nesse sentido, o direito à comunicação deve ser entendido como um direito tão importante quanto qualquer outro.

Mas enquanto não entendermos que a notícia deve ser de interesse público e entendermos o ser humano como sujeito da história, não mudaremos esse diagnóstico”, afirmou Beatriz Barbosa. A jornalista mencionou ainda que quando se trata de políticas públicas de comunicação, é que o tema não aparece de maneira nenhuma na grande imprensa.


Raquel Júnia


sexta-feira, 30 de maio de 2008

Querida Marina

Querida Marina

FREI BETTO

Caíste de pé! Tu eras um estorvo àqueles que comemoram, jubilosos, a
tua demissão, os agressores do meio ambiente

CAÍSTE DE pé! Trazes no sangue a efervescente biodiversidade da floresta amazônica. Teu coração desenha-se no formato do Acre e em teus ouvidos ressoa o grito de alerta de Chico Mendes. Corre em tuas veias o curso caudaloso dos rios ora ameaçados por aqueles que ignoramo teu valor e o significado de sustentabilidade.

Na Esplanada dos Ministérios, como ministra do Meio Ambiente, tu eras a Amazônia cabocla, indígena, mulher. Muitas vezes, ao ouvir tua voz clamar no deserto, me perguntei até quando agüentarias.

Não te merece um governo que se cerca de latifundiários e cúmplices do massacre de ianomâmis. Não te merecem aqueles que miram impassíveis os densos rolos de fumaça volatilizando a nossa floresta para abrir espaço ao gado, à soja, à cana, ao corte irresponsável de madeiras nobres.

Por que foste excluída do Plano Amazônia Sustentável? A quem beneficiará esse plano, aos ribeirinhos, aos povos indígenas, aos caiçaras, aos seringueiros ou às mineradoras, às hidrelétricas, às madeireiras e às empresas do agronegócio?

Quantas derrotas amargaste no governo? Lutaste ingloriamente para impedir a importação de pneus usados e a transformação do país em lixeira das nações metropolitanas; para evitar a aprovação dos transgênicos; para que se cumprisse a promessa histórica de reforma agrária.

Não te muniram de recursos necessários à execução do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia Legal, aprovado pelo governo em 2004.

Entre 1990 e 2006, a área de cultivo de soja na Amazônia se expandiu ao ritmo médio de 18% ao ano. O rebanho se multiplicou 11% ao ano. Os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) detectaram, entre agosto e dezembro de 2007, a derrubada de 3.235 km2 de floresta.

É importante salientar que os satélites não contabilizam queimadas, apenas o corte raso de árvores. Portanto, nem dá para pôr a culpa na prolongada estiagem do segundo semestre de 2007. Como os satélites só captam cerca de 40% da área devastada, o próprio governo estima que 7.000 km2 tenham sido desmatados.

Mato Grosso é responsável por 53,7% do estrago; o Pará, por 17,8%; e Rondônia, por 16%. Do total de emissões de carbono do Brasil, 70% resultam de queimadas na Amazônia.

Quem será punido? Tudo indica que ninguém. A bancada ruralista no Congresso conta com cerca de 200 parlamentares, um terço dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

E, em ano de eleições municipais, não há nenhum indício de que os governos federal e estaduais pretendam infligir qualquer punição aos donos das motosserras com poder de abater árvores e eleger ($) candidatos.

Tu eras, Marina, um estorvo àqueles que comemoram, jubilosos, a tua demissão, os agressores do meio ambiente, os mesmos que repudiam a proposta de proibir no Brasil o fabrico de placas de amianto e consideram que "índio atrapalha o progresso".

Defendeste com ousadia nossas florestas, nossos biomas e nossos ecossistemas, incomodando quem não raciocina senão em cifrões e lucros, de costas para os direitos das futuras gerações. Teus passos, Marina, foram sempre guiados pela ponderação e pela fé.

Em teu coração jamais encontrou abrigo a sede de poder, o apego a cargos, a bajulação aos poderosos, e tua bolsa não conhece o dinheiro escuso da corrupção.

Retorna à tua cadeira no Senado Federal. Lembra-te ali de teu colega Cícero, de quem estás separada por séculos, porém unida pela coerência ética, a justa indignação e o amor ao bem comum.

Cícero se esforçou para que Catilina admitisse seus graves erros: "É tempo, acredita-me, de mudares essas disposições; desiste das chacinas e dos incêndios. Estás apanhado por todos os lados. Todos os teus planos são para nós mais claros que a luz do dia.

Em que país do mundo estamos nós, afinal? Que governo é o nosso?" Faz ressoar ali tudo que calaste como ministra. Não temas, Marina. As gerações futuras haverão de te agradecer e reconhecer o teu inestimável mérito.

(FSP, 16.5.2008)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

não foi por preguiça

Não, não foi, amigos e amigas.

A consciência pesou, mas mesmo assim não foi possível evitar esse tempo todo sem postar.

Os últimos meses têm sido ocupados por tarefa das mais desafiadoras aqui no SindBancários.

Propusemos a nós mesmo um desafio: construir um plano de carreira sob a ótica dos trabalhadores e pelos trabalhadores. Criamos um GT, que contou com a participação de dirigentes e delegados sindicais e com a assessoria do prof Schimidt (o Schimitão, atualmente candidato a reitor na UFRGS) e da psicóloga Tônia Duarte, tamb da UFRGS.

De outubro prá cá, construímos proposta de carreira que busca principalmente repensar a lógica instituída na empresa a partir de década de 1990 que objetiva moldar a Caixa à imagem de um banco privado - política de acordo com os governos neoliberais da época que levou à desconstrução de setores históricos (como a habitação) e estratégicos (tecnologia e recursos humanos) e à piora considerável do atendimento à população.

Isso gerou também, é claro, a criação de um clima interno que privilegia o estímulo à competitividade em níveis extremos entre os próprios colegas.

Ou seja, temos a clareza de que uma coisa é associada a outra. Não tem como se pensar carreira sem pensar o papel da empresa. A partir desse pressuposto, buscamos ultrapassar os limites da categoria bancária. Dito em outras palavras, buscamos fazer com que o bancário, ao discutir carreira, pense em algo mais além de seu umbigo.

Consolidando o caráter público da Caixa, acompanhada da visão de que de que seu principal papel é auxiliar o desenvolvimento social e eocnômico (inclusivo), e não apenas buscar o lucro pelo lucro, podemos repensar também a lógica interna ainda vigente.

Mas... É difícil convencer o próprio movimento sindical de que esse debate é importante. Seja porque alguns não enxergam nada além do umbigo (pensamento imediatista), seja porque muitos acham que, por ser governo Lula, não se pode reivindicar nada que a Caixa não esteja disposta a negociar.

De qualquer forma a contribuição está sendo dada. E o importante é que não ficamos apenas no GT: conseguimos fazer (e continuamos fazendo) muitas reuniões com os bancários, antes, durante e depois dos trabalhos do grupo. Ou seja, o método de construção da proposta foi bastante adequado.

E, com certeza, muitas sementes foram (e estão sendo) plantadas.

Bueno, um breve relato para dividir com vocês e ajudar a explicar a longa ausência.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Pingos nos is

Comentário do Alma da Geral em 25/03. Acessa lá e lê na íntegra.
Sobre Kátia, Nei e Chávez
Ouvindo ao programa da Kátia Suman na Ipanema hoje, levei um susto (...)
Não gosto de alguns de seus posicionamentos, acho que muitas vezes ela é muito prolixa e detesto o fato de ela ter um programa patrocinado - ou ex-patrocinado - pela Aracruz. Mas hoje, como disse antes, levei um susto. Ela contou que participou de um debate com o Nei lisboa e ele dizia que acha impressionante a facilidade da mídia em chamar o Hugo Chavez de ditador se o cara foi eleito democraticamente e utiliza como instrumento de governo o plebiscito para algumas decisões. E que, por outro lado, aqui no Brasil não acontece isso. Os tantos ditadores que passaram pelo poder na história do nosso país não carregam esse título, e se seguíssimos a lógica da imprensa a Avenida Presidente Castelo Branco deveria se chamar Avenida Ditador Castelo Branco

sábado, 29 de março de 2008

debate programático: alianças PT em BH

NOTA SOBRE CANDIDATURA PRÓPRIA DO PT EM BH
A Democracia Socialista, tendência interna do PT MG, vem de público expressar aos petistas e a toda sociedade sua posição favorável à candidatura própria petista em BH, em aliança com os partidos do campo democrático e popular. O PT deve construir essa candidatura junto aos partidos de esquerda e progressista da base aliada ao governo Lula, sobre um programa democrático e popular de transformações.
Expressamos posição contrária à aliança do PT com o PSDB na capital mineira em 2008, porque o PSDB é o líder da oposição nacional ao governo Lula sob uma perspectiva neoliberal. Em Minas Gerais, o PT é oposição ao governo tucano de Aécio Neves, em razão do caráter neoliberal, privatizante e antidemocrático desse governo. Nessa lógica, não cabe o PT discutir coligação com PSDB, seja cedendo à candidatura vice-prefeito, ou apoiando candidato de outro partido.
A aproximação com o governador é equivocada e fortalece uma política centrista que não interessa à construção de uma candidatura presidencial do PT em 2010. Por isso, não cabe aproximação do PT com nosso principal adversário na sucessão presidencial. Eventual aliança em Belo Horizonte nas eleições municipais de 2008, teria repercussão nacional negativa ao projeto de esquerda, além de contribuir para escancarar o PT para outras composições tucanas nos municípios.
O governo Lula está legando ao país uma dinâmica positiva de desenvolvimento com distribuição de renda que caminha no sentido inverso do modelo neoliberal defendido pelo PSDB. Este será o centro da disputa eleitoral em 2010, e que estará em debate nas eleições municipais de 2008. O PT deve fortalecer todos os aliados que desejam seguir o rumo do curso iniciado pelo governo Lula e que recebe aprovação popular.
É preciso que todos os petistas, os filiados da capital e do interior, as personalidades e os mandatários promovam essa discussão no âmbito do partido, conforme orientação da nossa política de alianças aprovada na última reunião do Diretório Nacional. Por fim, a DS conclama todos os segmentos petistas, correntes e personalidades que desejam resistir a essa operação de descaracterização do PT, defender candidatura própria em BH e a construção de aliança no campo democrático e popular.
Belo Horizonte, 25 de março de 2008.
Democracia Socialista
Tendência Interna do PT-MG