Mais do que os números, me chamou a atenção o posicionamento assumido pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, em seu pronunciamento de ontem no rádio e na TV.
Cassel defendeu a agricultura familiar, afirmando que ela, junto com os assentamentos, produzem "70% dos produtos que fazem parte da mesa do brasileiro, como o feijão, mandioca, cebola, aves, suínos, leites, frutas e verduras."
Só depois da defesa conceitual e (por que não?) ideológica (bem sustentada por dados concretos) da agricultura familiar e da reforma agrária, é que Cassel deu publicidade ao Programa Safra.
Cassel, mesmo fazendo parte do governo, e mesmo sendo ministro do desenvovimento agrário (e, por isso, sofrer pressão cotidiana do MST e outros movimentos sociais do campo), já havia tido importante posicionamento público, recentemente, contra a tentativa de criminalização do MST por parte do MP gaúcho.
Posturas diferentes nos casos acima já seriam um bom começo. Assim, poderia haver clima para que a sociedade levasse a sério quem afirma que não podemos aceitar a política do fato consumado e achar normal que o superávit primário, nos cinco primeiros meses de 2008, seja 43% superior ao mesmo período passado, representando R$ 5,487 bilhões ou 4,69% do PIB.